sábado, 20 de novembro de 2010

Diario de ultima semana de J. Bauher.

 



“Olhar Fixo,
Parado.
Ao longo do dia ando pela calçada,
Parado.
Me vejo perdido dentro da condução vazia.
Parado.”

_Primeiro Dia.

No escuro e ermo mundo que se deriva do submundo de São Paulo, retratado das escorias de uma espuma alaranjada que levanta das veias da cidade,cego dos olhos tateio desesperadamente as paredes cheias de fuligem procurando a saída. Caio de joelhos no esgoto, sujo pelo sangue negro da cidade, perguntando o porque da minha histeria.

_Terceiro Dia.

Barulho de sirene procurando outros, latas sem compasso batendo em latas de compasso. Prevalece a discórdia.
Gregor olha de sua janela, por entre as cortinas de seu quarto. Pela janela suja de fuligem, vê copos plásticos sendo bebidos por um homem que vende cachorro quente.
O barulho do metro se faz de trilha sonora para o fechar das cortinas.

_Quinto dia.

Penso em talvez fugir pela porta dos fundos se receber ameaças novamente. O INSS não veio.
Já não como a três dias. Estão me seguindo desde que voltei do teatro. Possuo somente uma manteiga na geladeira que se encontra desligada.
Cortaram me a luz, pensando que me pressionando, irei me entregar à sitiação.
Eles não sabem , mas não estou sozinho nisso.

_Sexto dia.

A mulher da loja de discos que antes era minha conhecida se voltou contra mim. É tudo uma conspiração muito delicada de se ver. O suposto segurança da rua, disse que estou escondendo um grande plano de que o governo quer se apoderar, mas não deixarei, não entregarei o mais importante bem da humanidade.


_Sexto dia à tarde.

Meu pai costumava me dizer que: “ Melhor um covarde vivo do que um herói morto”. Sempre fui um covarde, mas desta única vez, serei herói imortal.
Nem Nostradamus com suas profecias, Alexandre O Grande com suas conquistas infinitas, ou Sócrates com sua filosofia naturalista chegou perto de tal feito.
 
Marduk buscaria nos sete infernos budistas algo para me confrontar. Os Atlantis sabiam desta ferramenta , algo perto do que se compara a maquina do mundo que Camões descreveu em sua obra prima.
Será uma queda maior que a que Constantinopla sofreu com os turcos otomanos a que, o mundo sofrera desta vez.
Como Garibaldi, libertarei a humanidade, como fez ele com a itália e na guerra farroupilha.
Nabucodonosor não sonharia tão grande como eu.
Renascido com os Incas em Tiuhanaco e com os Maias aos arredores da pirâmide da lua, conhecimentos extra.terrenos se fazem presentes em civilizações antigas, que agora esta em minha pose esta e dever.
_Sexto dia de madrugada.

Silencio. Eles estão batendo na porta. Me camuflarei como um covarde nas paredes cinzas, infiltradas de meu cômodo.
Estão tentando arrombar a porta. Estão entrando. É o fim.

_Sétimo dia.

Acordei hoje de manha com tudo revirado em meu estabelecimento. Eles conseguiram, safados! Mexeram em tudo. Tudo aquilo que entendi satisfatoriamente durante anos me aprofundando num jejum desta ultima semana.

_Sétimo dia á tarde.

Esta chegando a hora da revelação ao mundo de meu conhecimento. Ficarei imortal durante um dia inteiro, para proteger o que tenho a dizer e garantir que a mensagem chegue a todos os seres vivos. Que a revelação ao homem seja absoluta.
Ouviras a minha voz ecoando por todos cantos do planeta.


_Sétimo dia de madrugada.

Nas vésperas, baratas e todo tipo de seres asquerosos, invadem minha residência. Grotescos assim foram mandados pelo demônio para evitar a minha jornada. Começo a chorar, quando uma voz suave me da forças cristicas para lutar contra as criaturas de satã.

4:37 am : Tudo se faz em silencio. Os poucos que restaram são os que estão no quarto. Que a força ajude me a completar minha missão.
Amanhecendo, a luz ajuda a afugentar-las. Posso cochilar em paz.
 
_Oitavo dia.

Como me indicaram pelas estrelas, sigo o ritual durante todo o dia. Preparo minha ultima roupa, meus últimos escritos para uma nova era.
Vou armado somente do conhecimento da grande maquina do mundo onde desta vez, uma nova raça em comunhão universal será feita. Ansioso estou, mas jamais nervoso, pois as coisas começam a fazer sentido.

_Oitavo dia de noite.

Tremendo vejo a porta de Marduk se abrir e fechar por mirações espontâneas de meu ser. Agora eles estão fracos, e eu cada vez mais poderoso.
Coloco a roupa apropriada do momento. Me sinto bem.
Sinto a imortalização tomando conta do meu ser. Logo poderei fazer o que é certo.

00:45am: As cores são reais. Vejo todos e sinto uma saudade de sempre.

1:51am: Eu não mereço tal presente, eu sou muito culpado para ter tudo isso de volta.

2:30am: Escuto choros e barulhos na cozinha. Começo a chorar também.

3:04am: Alguém na porta. Escuto uma risada demoníaca.

“A semente cresce e floresce durante dias. Por algum tempo suas flores resistem ate que o ciclo se faça por completo. Agora já não faz mais sentido para ela ser”


“Olhar fixo,
Parado.
Ao longo do corredor sai em uma maca,
Parado.
Alguém chama por socorro,
Parado.”


27/03/09

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